Eu estudo há um certo tempo sobre um tema que acho fascinante, gosto de chamá-lo de “gestão do tempo”. Ele pode ser resumido como uma área do conhecimento que se preocupa em otimizar o esforço, estabelecer controles e desenvolver modelos que tragam mais produtividade. Em outras palavras: usar o tempo da forma mais racional
possível, maximizando o retorno sobre ele.
Produtividade é algo difícil de se conceituar, talvez porque muitas pessoas misturam o esforço com a produção. “Esforçar-se” está relacionado a gastar energia e tempo em atividades. “Produzir” é algo diferente, mas que surge como uma consequência do esforço. Você precisa se esforçar para produzir, mas o esforço não possui uma relação direta com este último. Em bom português: nada garante que o esforço irá ser produtivo.
E quando eu me refiro à “produção”, me refiro ao sentido o mais amplo possível, ou seja, qualquer coisa que possa ser fruto de trabalho ou que se possa atribuir valor.
Partindo do pressuposto que todos nós temos exatamente o mesmo tempo disponível, fica claro que alguns conseguem usar o tempo de forma melhor, já que conseguem produzir mais.
É por isso que algumas pessoas são mais produtivas que outras, é uma questão matemática! Se todos temos o mesmo tempo, usar melhor este tempo equivale a ser mais produtivo.
Eu devo admitir que sou, por vezes, fanático por otimizar o uso do meu tempo. E já li muito a respeito. Li e reli clássicos como o livro Getting Things Done, fora as milhares de horas investidas pesquisando sobre isto na internet, com direito às diversas adaptações ao método clássico proposto David Allen no livro citado, por vezes referenciado como “método GTD”.
Uma coisa que a maioria dos autores talvez falhe em abordar sobre a questão da produtividade, a meu ver, se refere ao tempo em que você não está disposto a trabalhar. E este ponto é o ponto principal que eu gostaria tratar. Acredito que não pode haver trabalho sem ócio.
Não me entenda errado. Eu gosto de trabalhar. Fica cada vez claro pra mim, entretanto, que o nível de qualidade do trabalho está intimamente conectado com a qualidade do seu ócio ou lazer. Em outras palavras: se você consegue curtir o seu tempo de ócio ou de lazer, o seu trabalho irá render mais.
Cada um de nós é que escolhe o que faz com seu tempo “livre”: dar atenção à família, se divertir, descansar, ir à praia, a lista pode crescer indefinidamente.
O problema é que o ócio e o trabalho competem pelo seu tempo. É difícil dizer não quando existe necessidade de atividades a serem desenvolvidas no trabalho. Igualmente difícil é dizer não à ida ao parque com o filho, ou o cinema com o companheiro.
E aí, mais uma vez, cabe tentar usar a razão para organizar o tempo que você vai dedicar a suas atividades, quer sejam de trabalho ou de lazer.
Vejam que interessante idéia apareceu em outro livro que li, “Você está Louco”, de Ricardo Semler: o autor sugere que ser dispensado no quarta-feira pode trazer enormes ganhos na qualidade de vida do profissional e também na sua produtividade. Faz sentido pra mim.
E há quem defenda que a empresa deva ajudar o trabalhador neste caminho de equilíbrio, mas eu acredito mais na visão oposta, de que isto é uma coisa personalíssima, ou seja, uma responsabilidade que não deve ou sequer pode ser transferida a um terceiro.
Certamente são idéias que merecem uma boa dose de reflexão. Equilibrar estas duas forças pode ser o grande segredo para ter sucesso, profissional e pessoal.